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domingo, 2 de novembro de 2014

domingo, 26 de outubro de 2014

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

O dia em que nos perdemos...

Comecei este texto no dia em que te perdi. Não, espera! Vamos mudar isto… No dia em que tu me perdeste a mim! Porque no fundo, pensando bem… eu já te tinha perdido há muito tempo a ti…

Como estava a dizer, decidi escrever este texto no dia em que tu me perdeste! (Ainda não me soa bem isto, acreditas? Acho que me vou demorar a habituar !!! )

Continuando... Nesse dia acordei tarde, chovia muito e não tinha planos. Ia ficar por casa a ver tv enrolada na manta da preguiça. Sozinha. Já me estava a habituar a ficar sozinha… Sabes? Aquela treta do sexto sentido das mulheres, afinal, não é assim tão treta… É lixado pá! O pressentimento, aquele feeling mal-encarado, estava lá. Eu só não o queria ver nem ouvir e muito menos sentir mas ele estava lá. Como está quase sempre. É raro o sacana me abandonar assim, mesmo quando o tento ignorar sistematicamente.

Nesse dia já não contava com nada teu. Sabia que as coisas estavam mal, por um fio ou melhor, um fiozinho, daqueles fininhos e transparentes… Sabia há vários dias, aliás há muitos dias. Mas eu gostava (e gosto) tanto de ti, porra! E as lembranças que temos juntos? E as fotos em que sempre mostrámos ser os mais felizes? E a nossa cumplicidade de um só olhar? E as nossas gargalhadas em uníssono? E a sms de bom dia que eu recebia sempre ao chegar ao trabalho? Tal como o hábito do teu  “ boa noite” me fazer sempre dormir mais feliz…
E as pessoas que acreditavam em nós e no nosso final feliz? O que é isto em que nos tornámos? Quem és tu a partir deste dia? E quem vou ser eu? Nunca mais os mesmos, suponho.

Fomos tão cruéis um com o outro. Como chegámos a este ponto? Não me canso de perguntar a mim própria.

Em mim, desde essa tarde, ficaram muitas coisas para serem ditas e um nó no peito que teima em não se desfazer. Um nó que não se move e carrega com ele uma tristeza enorme mas que eu nunca me admito a transparecer. Certamente também o sentiste! Algo que se chama angustia… uma sensação horrível de ver que tudo o que construímos juntos ficou a partir deste dia feito em nada.

Tento muitas vezes adivinhar em como estarás tu agora. Talvez não tão sentido quanto eu, mas também triste. Tenho a certeza, ainda te conheço um bocadinho. Sei que me vais mandar para trás das costas, tentar esquecer-me porque dá demasiado trabalho discutir e tentar levantar um castelo que perdeu todos alicerces. 

Nunca foste bom para grandes construções nem planos… nem para nada que desse muito trabalho! Para essas coisas estava cá eu. 
Ainda aguentei tanto tempo a segurar os nossos dois mundos juntos mesmo que na ponta do dedo. Tens coisas boas, sabias? És simpático, educado, bonito, companheiro, integro, bom falante e talvez a pessoa mais inteligente que eu conheci até hoje… Mas lutar, batalhar e correr atrás das coisas que queres, não era de todo o teu forte… Mais uma vez, para isso estava cá eu. 
E agora? Agora que eu desisti de lutar por nós como é que vai ser?!

Quando liguei às minhas amigas a contar que tinhas ido embora para sempre, elas questionaram “Para sempre? Mas como sabes que é para sempre?” Não sei, é verdade. Mas sinto… Sinto que foi para sempre e sinceramente, apesar de assim entrar em constante contradição, se for para ser como foi nestes últimos tempos, apesar de te querer muito para mim e ao pé de mim, não aguentaria ter-te mais aqui.
Algumas usaram frases feitas, do tipo “ deixa ir, se for mesmo teu, voltará” , outra chutaram um “Há algo melhor reservado para ti, aposto!” Ainda houve uma mais arisca que se atreveu a um “ o problema de certeza que não és tu, amiga! Aposto que o mal é dele” ...
E as outras, talvez as que melhor me conhecem, pediram-me calma… calma na alma, porque só assim se pode voltar a viver mesmo quando parece que nunca mais vamos sentir o nosso mundo mexer.


quinta-feira, 19 de junho de 2014



Apesar de saber que não te quero mais na minha vida, de já não gostar de ti e nem sequer te querer ver pintado à minha frente... Custa dizer, mas fazes-me falta ...

Já vos disse o quanto gosto do que esta senhora escreve, não já?





"Todo mundo tem suas manias, eu tenho as minhas. Mania de mexer no cabelo de 5 em 5 minutos, falar alto, encarar quem me olha demais. Mania de pensar demais em você, de acreditar em horas iguais, de ficar imaginando as coisas antes de dormir, mania de rir por bobeira e chorar de nervoso, mania de escutar uma música e ficar me imaginando nela, mania de mudar de humor constantemente, mania de ver minha vida como se fosse um filme - como se ainda fosse ter um final feliz -, mania de ter medo de tudo, de falar o que eu sinto e de te perder. Mania de pensar no que já fiz e repetir tudo, mesmo que me arrependa."

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Nesta altura todos deveriamos ser ucranianos!!


Como é que se esquece alguém que se ama? - Miguel Esteves Cardoso


Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa - como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está? 
As pessoas têm de morrer; os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar Sim, mas como se faz? Como se esquece? Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas! É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou do coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguem antes de terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso aceitar, primeiro, aceitar. 
É preciso aceitar esta mágoa esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados se tivessem apenas o peso que têm em si , isto é, se os livrássemos da carga que lhes damos, aceitando que não têm solução. 
Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injecção. Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença de que se padece. Muitas vezes só existe a agulha. 
Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado. 
O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar. 

Miguel Esteves Cardoso, in 'Último Volume'